A presidenta Dilma Rousseff emitiu nota, nesta quarta-feira (3), em
que expressou repúdio e indignação ao constrangimento imposto ao
presidente da Bolívia, Evo Morales. Alguns países europeus impediram o
sobrevoo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, imaginando que ele estava levando Edward Snowden, o homem que denunciou o monitoramento de telefones pelo serviço de espionagem americano.
Segundo a nota, o constrangimento não atinge somente a Bolívia, mas a
toda América Latina, comprometendo o diálogo entre os continentes e
possíveis negociações entre eles. Dilma ainda afirma que encaminhará
iniciativas em todas as instâncias multilaterais para que situações como
essa nunca se repitam.
"O governo brasileiro expressa sua indignação e repúdio ao constrangimento imposto ao presidente Evo Morales por alguns países europeus, que impediram o sobrevoo do avião presidencial boliviano por seu espaço aéreo, depois de haver autorizado seu trânsito.O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável – a suposta presença de Edward Snowden no avião do Presidente –, além de fantasiosa, é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações. Acarretou, o que é mais grave, risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores.Causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país e a União Europeia.O constrangimento ao presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por parte dos países envolvidos nesta provocação.O governo brasileiro expressa sua mais ampla solidariedade ao presidente Evo Morales e encaminhará iniciativas em todas instâncias multilaterais, especialmente em nosso continente, para que situações como essa nunca mais se repitam".
Dilma Rousseff Presidenta da República Federativa do Brasil